Anatomia e Fisiologia do Ventrículo Esquerdo: Fundamentos para Avaliação da Função Diastólica (Guidelines da Sociedade Britânica de Ecocardiografia)

Coração com formato vortex

O artigo “The assessment of left ventricular diastolic function: guidance and recommendations from the British Society of Echocardiography” oferece uma visão abrangente sobre a importância e complexidade da avaliação da função diastólica do ventrículo esquerdo (VE). Abaixo, apresentamos um resumo dos aspectos anatômicos e fisiológicos abordados no documento, essenciais para entender a mecânica do VE e sua função diastólica.

Composição e Arquitetura do Miocárdio do VE

Para entender as mecânicas do miocárdio que permitem a contração e relaxamento global do VE, é crucial compreender sua composição e alinhamento das fibras miocárdicas. O miocárdio ventricular consiste em três camadas principais:

  1. Subepicárdica: Fibras orientadas em uma helicoidal esquerda, representando cerca de 25% da espessura total da parede miocárdica. Essas fibras são responsáveis pela torção do ápice em relação à base do ventrículo.
  2. Parede Média: Fibras dispostas de forma circunferencial, representando entre 53-59% da espessura miocárdica. Elas são as principais responsáveis pela contração radial do VE.
  3. Subendocárdica: A camada mais fina, com menos de 20% da espessura total, possui fibras em uma helicoidal direita que geram contrações longitudinais e rotacionais.

Mecânica Miocárdica e Contração Ventricular

Essa configuração complexa das fibras miocárdicas permite uma contração tridimensional que resulta na rotação, encurtamento e contração interna do miocárdio, diminuindo as dimensões da cavidade ventricular em todos os planos. A contração das fibras subepicárdicas causa uma rotação anti-horária do ápice enquanto a base do ventrículo gira no sentido horário durante a contração. Esta torção e deformação do miocárdio acumulam energia potencial que é liberada durante o relaxamento isovolumétrico e o enchimento diastólico precoce, criando um efeito de sucção para o enchimento rápido do VE.

Avaliação Ecocardiográfica

Devido à natureza tomográfica da ecocardiografia transtorácica (ETT), essa complexa contração tridimensional é visualizada e medida em planos bidimensionais. Parâmetros como a Imagem Doppler Tecidual (IDT) do anel mitral e o Strain Longitudinal Global (SLG) medem o encurtamento/alongamento longitudinal do VE, enquanto a Fração de Ejeção do VE (FEVE) mede predominantemente a contratilidade radial.

Conclusão

Essas medidas ecocardiográficas de contração longitudinal e radial são bem validadas e fornecem insights diagnósticos e prognósticos importantes sobre os processos patológicos e seus efeitos na função miocárdica.


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